Matematicamente? Não!

Quando se quer destacar algo ou alguém e escasseiam os adjectivos recorre-se a truques onde a avaliação, comparação e critérios são nulos, ou à vontade do freguês. Por isso se diz que fulano é melhor jogador de berlinde do mundo; que a aldeia tal é a mais portuguesa; que o animal tal é o maior amigo do homem... E ninguém contesta, porque não há elementos que comprovem o facto ou o contrário. Foi assim que a Quinta do Conde se tornou no “maior bairro clandestino da Europa…”
Recentemente, tornou-se frequente dizer que a Quinta do Conde é a freguesia que (em percentagem) mais cresce em Portugal. Esta afirmação, ao contrário das outras, é sustentada pelos números dos Censos de 2001. Antes era a Comissão de Utentes da Saúde da Quinta do Conde a afirmar que esta Freguesia era a que mais crescia no Distrito de Setúbal e justificava com os números anualmente actualizados do recenseamento eleitoral. Quando ouvimos de “políticos da moda” dizer (e escrever) que a Quinta do Conde é “a segunda freguesia mais populosa do nosso país” ficámos curiosos e fomos pesquisar. Observámos (em 27 de Setembro de 2009) que a Algueirão-Mem Martins (Sintra) tem 48.179 eleitores; Odivelas tem 47.115; Santa Maria dos Olivais tem 44.555 eleitores; São Sebastião (Setúbal) com 43.066; Paranhos (Porto) com 42.236; Amora (Seixal) 41.834; Rio Tinto (Gondomar) 41,319; São Domingos de Rana (Cascais) 39.428; Benfica (Lisboa) 37.238; e Marvila (Lisboa) 36.939. Matematicamente, com 17.515 eleitores, a Quinta do Conde está muito distante do pódio. Ainda se os tais “políticos da moda” dissessem tratar-se da segunda freguesia mais populosa em “gente simpática”, talvez se arranjasse modo de justificar…

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